
Esgotado
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Lambe-Lambe
Editora Casa Amarela, 2000
Passei um bom tempo debruçado nesse projeto: escrever retratos de gente que admiro. Vinha publicando algumas histórias na revista Caros Amigos, e também trabalhando outras em casa, matutando a idéia. Mostrei para algumas pessoas e ganhei preciosos palpites.
Resolvi juntar um CD ao livro pois, para mim, não vejo onde está a diferença da música com a literatura, ou, para ser franco, da viola com os causos. Entonce resolvi misturar tudo.
Ter lançado o "Lambe-Lambe"pela Editora Casa Amarela foi muito bom. É a mesma editora da Revista Caros Amigos. Não consigo trabalhar com aquele lema: "amigos, amigos, negócios à parte"; Para mim ou é amigo ou não é, em qualquer hora. É a mesma coisa que digo do fio de bigode no capítulo "Capeta".
Vem logo, gente, vira as páginas e empresta os ouvidos.
Vai ouvindo...
Maurício Pereira é um dos artista mais completos que conheço. Compõe, canta, toca, interpreta e até dança. Juro, quem o viu dançando uma catira sabe do que estou falando. Já atravessamos juntos alguns pedaços, participei de seu CD "Mergulhar na Surpresa", dividimos canja, vimos uma loira sem cabeça dirigindo na estrada de Brotas.
Ele me mandou este texto sobre o "Lambe-Lambe", que aqui reproduzo com muita honra.
Ler o livro "Lambe-Lambe" do Paulinho funciona como se a gente fosse sendo, aos poucos, enredado por um jeito brasileiro de sentir, pensar. São histórias simples, curtas, contadas direto, saborosamente. De repente, quando menos se percebe, a gente já tá mergulhado até o pescoço num espírito que a cultura brasileira tem e que às vezes se esquece que existe. Mas existe com força, sossegado que nem um corisco...
O texto dele é danado, guerrilheiro: reage, no seu timing desapressado, à velocidade da moda, do consumismo, do excesso de informação, do pensamento sem afeto, sem troca, sem pessoalidade. Mansamente.
Como dizia Che Guevara: endurece mas não perde a ternura.
Endurece ao não conceder à época da burrice apressada e superficial que a gente vive culturalmente, essa época falsamente não ideológica. Mas não perde a doçura, a doçura do cafézinho com rapadura, boca de pito para o papo simples e ancestral, a doçura de trazer a gente devagarinho, sem violência e sem truques, direto para alma brasileira.
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